quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Moacyr Scliar... bom rir de si mesmo...

Para minha surpresa, achei esse texto lindo atirado lá no meu banheiro... 
Um pouco antes, eu, em frente ao espelho, estava analisando meu rosto.. as listras marcadas na testa da mania de levantar as expressivas sobrancelhas, os temidos pés de galinha.. o esticar da pele que já não é mais a mesma e a conclusão foi... riso, suspiro.. esticar com as mãos a pele e falar para o eu no espelho, consolando-me: "é.... a idade chega para todos" ..

Boa leitura! 

MOACYR SCLIAR - Woody Allen e a velhice


O ideal seria gostar da vida e saboreá-la até o último instante

Woody Allen está com 74 anos. E não gosta da idade que tem. Mostra-o o seu mais recente filme, Você vai Conhecer o Homem de seus Sonhos (You Will Meet a Tall Dark Stranger). Como é comum no cinema alleniano, há várias histórias paralelas. Anthony Hopkins divorcia-se de sua esposa de muitos anos (Gemma Jones). 

Em busca da juventude, casa com uma jovem prostituta, tem de recorrer ao Viagra e é traído. Já a ex-esposa procura uma adivinha, com a esperança de encontrar o homem de seus sonhos. 

A filha de ambos (Naomi Watts, excelente) está casada com um escritor medíocre, que tenta, sem êxito, repetir o sucesso do primeiro livro; ambos, igualmente, buscam a resposta para suas inquietudes em casos extraconjugais. Mas Allen não aposta muito nisso; para ele, o tall dark stranger talvez seja, não um ideal romântico, mas o Anjo Exterminador. 

Em relação à morte, disse Allen numa entrevista: Tenho uma posição definida: sou contra. Mas a velhice é inevitável: problemas de visão, de audição, de indigestão, dores (bem de acordo com aquele dito da Marieta Severo: se você está velho e acorda sem dores, provavelmente está morto). Aliás, e não por acaso, o filme cita a frase de Shakespeare em Macbeth, segundo a qual a vida é uma história /contada/ por um idiota, cheia de /som e fúria/, significando nada. 

À qual o pessimista Allen acrescenta: A única maneira de ser feliz é contar a você mesmo algumas mentiras e acreditar nelas. Nem como cineasta ele se poupa: Tive completa liberdade artística, coisa que outros diretores não conseguiram; entre uns 40 filmes, deveria ter pelo menos 30 obras-primas, mas isso simplesmente não aconteceu.

Woody Allen não está sozinho em suas queixas. Num mundo que valoriza, de maneira quase religiosa, o novo e a inovação, velhice não está com quase nada; não por outra razão, usa-se as expressões “terceira idade” e “melhor idade” (esta um trocadilho patético com “maior idade”) para minimizar o desconforto sentido por muitas pessoas.

Da mesma maneira, a palavra velho admite variantes. A primeira é o diminutivo. “Velhinho” é o termo que as pessoas usam com uma mistura de afeto, de compaixão, de humor. E que tem fundamento: com a idade, a pessoa encolhe, torna-se menor. Isso sem falar em traços infantis que então emergem – essas pessoas que gostam de brincar, de dançar, de se fantasiar. O velhinho é isso, uma pessoa engraçada, simpática, comovente.

Já “velhote” tem outro significado; o velhinho é puro, inocente, alguém que, inclusive, já se livrou das constrangedoras e imorais pressões do sexo. O velhote (que podemos imaginar com cavanhaque e olhar brilhante) é um cara vivaz, meio safado, mas ainda simpático. O velhaco, não. E aí há um motivo para estranheza, porque a palavra velhaco, que designa um trapaceiro, um vigarista, não vem de “velho”. É então simples semelhança? 

Ou uma associação significativa, a indicar que, para sobreviver na dura luta pela vida o velho ou o velhinho precisam se tornar velhacos, como aqueles que, na Bíblia, ficavam espiando a casta Suzana pelada no banho? De qualquer maneira há algo de admirável no velho velhaco: é o apetite pela vida, mesmo que mediado pela sacanagem. 

O ideal seria gostar da vida, saboreá-la até o último instante. O ideal seria aceitar a palavra velho com a maior naturalidade possível. Ou então recorrer às variantes do termo, tentando, através deles, encontrar, se não uma explicação, pelo menos uma maneira mais divertida de viver. Uma maneira divertida como, digamos, os filmes de Woody Allen.


terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

SOS Saúde Pública

Eu, Cristiane Montanha Gonçalves, BRASILEIRA, 33 anos, solteira, 2 filhos, jornalista, micro-empresária, em tempos normais de rotina, acordo 6h30 e durmo entre meia noite, 1 da manhã. Isto, até o dia 22 de janeiro do corrido ano, onde escorreguei nos fundos de casa, caí e fraturei o cotovelo, precisando então, do atendimento de emergência do Sistema Único de Saúde(SUS), o que mudou toda a minha rotina. 
Com dor, fui para o atendimento de emergência do Hospital Nossa Senhora das Graças. A surpresa é que não havia Traumato na emergência. Haveria no particular!!! Fui então para opção número 2. Hospital de Pronto Socorro (HPSC) de Canoas.
Assim que cheguei relatei o fato, fiz o registro na recepção e em cinco minutos estava sendo chamada. Como era troca de plantão levou um tempo para o atendimento do médico. Eu nem precisei sentar, de tão rápido que foi a consulta, mas não arredei pé até ele me dar um medicação pra dor que só foi prescrito após um pedido meu. Depois, apenas o raio X poderia precisar a lesão. A pessoa responsável me obrigou a esticar o braço quebrado me ameaçando não fazer o exame se eu não  o esticasse. Procedimento que me fez chorar como criança. 
Constatado, agora por outro médico (já tinha efetivado a troca do plantão) -   FRATURA CABEÇA RÁDIO DIREITO - fui orientada a colocação de Tala anilo palmar e medicação de 8 em 8 horas(Algimar 1000).
 Passado 10 dias, por não suportar mais a dor da tala que cedeu no braço retornei ao HPSC pela manhã. O atendimento não foi considerado de emergência e fui orientada para ir no prédio ao lado (acredito que seja o hospital). Como eu não tinha o boletim de atendimento em mãos e nem o setor que tira a  2º via não podia me atender, tive de retornar ao meu trabalho com dor, onde encontrei o boletim e retornei ao Pronto Socorro às 22h46. Lá então foi acordado, devido o grande movimento, que iriam me dar medicação para dor e que retornaria outro dia, às 8h para orientação do Trauma. As 21h43 saí do Pronto. 
Dia 01 de Fevereiro, na hora marcada fui ao Pronto Socorro. Chegando lá a orientação era para me dirigir para o prédio ao lado. A atendente do ambulatório me informou que apenas o Dr. que me atendeu na ocorrência poderia retirar a tala e que esse só teria atendimento às 14h.
 Indignação! Como assim? estava escrito np boletim o atendimento! Estar com dor é um atendimento de urgência. Voltei ao Pronto e expliquei a situação a outra enfermeira. Que pegou os papeis e entrou. Enquanto umas cinco profissionais ficavam de risos e 'tititi' na ala de triagem e eu na sala de atendimento rezando para que fosse atendida. Surge uma 3º enfermeira com uma ficha de encaminhamento  ambulatorial para o posto de saúde mais próximo da minha casa, alegando que eu deveria correr para que meu procedimento fosse rápido, pois normalmente a execução deles levavam de 2 a 3 semanas (orientação primeira era de que eu deveria ficar 3 semanas de Tala e depois fisioterapia). Que ali era para atendimento de emergência e que só poderiam me atender se houvesse uma refratura. Mesmo eu alegando que a tala poderia ter causado uma refratura, pois eu não suportava mais a dor no pulso, ela me disse que o Sr. Prefeito tem de agilizar atendimento nos Postos de Saúde e que dali em diante não era problema dela. 
O documento vem assinado pelo Dir. Técnico do HPSC Jacques Édison Jacques (CREMERS 12396) e o dito Dr. Eugênio H. W. Berwagner (Traumatologista e Ortopedia - CREMER 28094) que nem sequer sabem a cor dos meus cabelos, se é que os tenho. 
Saí de lá chorando, sem saber o que fazer. Se a intenção deles era se livrar de um problema a minha também era. Minha mãe acabou se oferecendo para pagar um médico particular. 
Então...  passamos a ver o problema da saúde pública quando precisamos de socorro. E temos a certeza que o melhor é não precisar dela, pois não podemos contar com ela. Vai ver que é por isso que nossos governantes não se utilizam do serviço público. Possivelmente, nem os próprios funcionários públicos. Meu sentimento é de abandono e revolta. Acabamos em estatísticas, em processos, em agendamentos e pessoas lesadas. 
Sr. Prefeito vamos comigo no serviço de emergência, ou marcar uma consulta médica? 
Sr.Sras Enfermeiras vamos trocar de lugar? 
Sr. Sras. Médicos o que diz mesmo o código de ética da medicina?